Seja pela escassez de água em algumas regiões, pelo mau gerenciamento do recurso ou pela falta de investimentos em novas redes de distribuição, surgem formas alternativas de aproveitamento, que se implantados corretamente, tornam-se excelentes fontes de preservação e economia.
O aproveitamento da água de chuva resulta não apenas na economia de água potável, mas é também uma forma de uso mais racional da água potável, uma vez que evita seu uso para fins não potáveis, reduzindo a pressão sobre os mananciais. Como citamos aqui, o armazenamento da água de chuva em cisternas pode ser também uma excelente maneira de contribuir para a redução de enchentes nas cidades.
O sistema de captação de águas pluviais (ou de chuva) não é um conceito novo, mas poderia ser mais amplamente difundido na sociedade por meio de incentivos fiscais ou programas de conscientização ambiental. O custo de instalação do sistema, se planejado já na etapa de concepção de projeto da edificação é bastante reduzido, mas nada impede que o mesmo seja implantado em edificações já existentes.
Basicamente, o sistema é composto pela bacia coletora (telhados, lajes de cobertura, etc), condutores verticais e horizontais (tubulações), filtros (para eliminação de detritos como galhos e folhas), cisterna ou tanque, sifão (para evitar mau cheiro ou passagem de pequenos animais), bomba (se o reservatório estiver localizado no subsolo), e a desinfecção, onde se aplica tratamento com cloro, ozônio ou raios ultravioleta.
Apesar da etapa de desinfecção acontecer, a água da chuva não é recomendada para consumo direto, ou seja, não é potável. Dentre os usos possíveis, podemos destacar a utilização em descargas sanitárias, reserva técnica de incêndio, rega de jardins, controle de poeira, etc.
O armazenamento da água é feito por meio de reservatórios de concreto ou fibra, localizados imediatamente abaixo do telhado (superior), no subsolo do terreno (inferior) ou em alguns casos, em ambas as situações. O reservatório superior facilita a alimentação dos vasos sanitários e normalmente, dispensa a necessidade de bombeamento; o reservatório inferior por sua vez, retarda a proliferação de bactérias, uma vez que não fica exposto a luz e ao calor.
As redes devem ser implantadas separadamente, e deve existir o cuidado de indicar a tubulação pluvial em caso de torneiras de jardim, por exemplo. No entanto, é necessário que exista uma alimentação de água potável ligado à cisterna de água da chuva, em caso de períodos de longa estiagem, pois o mesmo não deve ficar vazio. É preciso também que seja instalado o extravasor (ladrão), para situações de chuvas prolongadas, que atinjam a capacidade de armazenamento do reservatório.
A regulamentação da implantação do sistema e os critérios de dimensionamento são normatizados NBR 15527 – Água de Chuva – Aproveitamento de Coberturas em Áreas Urbanas para Fins Não Potáveis – Requisitos. ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). A concepção do projeto tem inicio com o cálculo de volume gerado, que será referente à captação na cobertura, e posteriormente, o volume necessário, ou seja, em que situações esta água será utilizada. Desta forma, é possível dimensionar com melhor precisão a capacidade da cisterna de armazenamento.
Durante a execução da obra, há a necessidade de se verificar os níveis das tubulações, para que seja possível fazer as ligações necessárias e garantir o escoamento adequado no conduto. Deve-se tomar cuidado também com a instalação dos reservatórios: no caso de reservatório de concreto, o mesmo deve ser impermeabilizado; já os reservatórios de fibra, devem ser assentados em uma caixa de brita.
Concluída a instalação, o sistema deve ser completamente limpo, as bombas (se houver) escovadas, e o sistema deve ser acompanhado diariamente, se possível, até que entre em funcionamento automático. A manutenção de limpeza deve ser feita conforme especificações da NBR, como mostrado na tabela abaixo:
Para utilizar água de chuva em edificações. [S.l.]: PINI, 2003. Disponível em: <http://techne.pini.com.br/engenharia-civil/72/artigo285266-1.aspx>. Acesso em: 22 mar. 2017.
Sistema de aproveitamento de águas pluviais para usos não potáveis. [S.l.]: PINI, 2008. Disponível em: <http://techne.pini.com.br/engenharia-civil/133/artigo286496-1.aspx>. Acesso em: 22 mar. 2017.
Sistema de aproveitamento de água para edifícios. [S.l.]: PINI, 2007. Disponível em: <http://techne.pini.com.br/engenharia-civil/128/artigo285704-1.aspx>. Acesso em: 22 mar. 2017.
ÁGUA de chuva: Aproveitamento de coberturas em áreas urbanas para fins não potáveis – Requisitos. 1. ed. Rio de Janeiro: ABNT, 2007. 12 p. v. 1.