Segundo um artigo recentemente publicado na Science, abelhas mamangava (B. terrestris) propositalmente danificam folhas de plantas ainda sem flores para antecipar a produção floral e terem pólen mais rápido.[1]
Para comprovar que elas podiam acelerar a floração, evidenciar que fazem isso porque querem e descartar ser um instinto específico a plantas específicas, os pesquisadores pegaram duas espécies diferentes de plantas e compararam o tempo de floração diante de dois estímulos.
Um estímulo estava em deixar que as abelhas danificassem as plantas elas mesmas, enquanto outro estímulo era de imitar isso e danificar as plantas com ferramentas humanas. Os pesquisadores também deixaram plantas em condição de controle (sem dano/estímulo) para comparar a diferença.
As plantas danificadas pelas abelhas deram flores cerca de 20 dias mais cedo do que as plantas danificadas por ferramentas e 30 dias mais cedo do que as plantas não danificadas. Eles atestaram também que as abelhas só fazem isso se não encontram plantas floridas por perto e, mais importante, apenas se a colmeia tem urgência de pólen.
Além de demonstrar a inteligência e a flexibilidade cognitiva desses insetos, o achado aponta que, longe de serem passivos à seleção natural, os animais deliberadamente facilitam a própria sobrevivência, a sobrevivência de seu grupo e de seus descendentes modificando intencionalmente o ambiente.
Esses achados favorecem a teoria evolutiva que contesta a seleção natural tradicional, a teoria da construção de nicho.[2, 3]
A natureza é perfeita e quem segue seu ritmo vive em equilíbrio e harmonia. No caso citado das abelhas, que buscam essa harmonia onde o humano destrói, temos muito que aprender tb com essas perspectivas. Triste é o ser humano se achar no topo da “cadeia” e o único com “inteligência”.
* * *
Fonte: Etologia & SociobiologiaReferências: 1. https://bit.ly/3nlbvE2; 2. https://bit.ly/3FopSO9; 3. https://go.nature.com/3ozMWmr