16 de junho de 2019
Sacolas biodegradáveis enterradas por três anos ainda servem para uso
Novo estudo lança dúvidas quanto à viabilidade dos plásticos biodegradáveis como resposta à poluição plástica.
Sacola plástica enterrada no solo por três anos ainda pôde aguentar o peso das compras.
Conteúdo extraído de National Geographic
Richard Thompson, biólogo marinho britânico que dedicou sua carreira ao estudo do lixo plástico, já há muito tempo se pergunta como é a degradação real das sacolas biodegradáveis.Então, em 2015, ele e seus alunos de pós-graduação da Universidade de Plymouth enterraram no jardim da faculdade um conjunto de sacolas em que se lia “biodegradável”.Três anos depois, ao serem desenterradas, as sacolas não estavam apenas intactas, como ainda podiam carregar quase 2,5 kg de compras.“Foi realmente uma surpresa que, depois de três anos, ainda fosse possível levar as compras para casa com as sacolas”, disse ele em entrevista à National Geographic. “Elas não apresentavam a mesma resistência que tinham logo após saírem da fábrica. Mas não tinham se decomposto em nenhum nível significativo”.As qualidades indestrutíveis das sacolas biodegradáveis são somente uma das descobertas de um estudo inédito publicado no periódico Environmental Science & Technology.
A pesquisa documenta a deterioração de cinco tipos de sacolas de compras imersas na água, enterradas no solo ou expostas ao ar livre, como se fossem lixo. Thompson e sua equipe testaram sacolas comuns disponibilizadas em lojas de varejo da região de Plymouth e concluíram que nenhuma delas — inclusive as sacolas compostáveis — se decompuseram o suficiente ao longo dos três anos de modo que tivessem alguma vantagem ambiental sobre as sacolas convencionais.
O estudo destaca como o termo “biodegradável” pode confundir os consumidores, levando-os a pensar que a sacola simplesmente desaparece quando jogada fora. Os cientistas alertam que, se os consumidores forem levados a pensar que estão sendo mais responsáveis jogando sacolas biodegradáveis nas latas de reciclagem, tal pensamento pode destruir os esforços de coleta de sacolas plásticas convencionais para transformação em novas sacolas. Os aditivos químicos presentes nas sacolas biodegradáveis podem contaminar a mistura, o que as torna inutilizáveis.
“Se as sacolas têm uma função de autodestruição, o reciclador não terá interesse em misturá-las com as outras sacolas”, diz Thompson. “Eles precisam de materiais conhecidos e consistentes. Então, o problema passa a ser o seguinte: como separar os biodegradáveis do plástico convencional? Como o consumidor saberá descartá-lo?”.
O fabricante de sacolas discorda
O estudo provavelmente reacenderá uma polêmica surgida no último verão após a BBC ter divulgado resultados preliminares que mostravam que uma das sacolas biodegradáveis não haviam se decomposto depois de dois anos.
A Symphony Environmental Technologies, fabricante da sacola que estava intacta após dois anos, criticou o estudo e pôs em questão as credenciais de Thompson, observando que “ele não é cientista de polímeros”.
